terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quer saber?

Arrumando umas coisas aqui em casa (um rito terapêutico) eu acabei encontrando um texto que escrevi quando tinha 18 anos. Eu achei bem legal, é um texto que eu seria completamente incapaz de escrever hoje, não que eu tenha me tornado mais ou menos competente (ai esse peso da competência como falsa medida poética), mas era uma idéia de combinações que não me é mais tão charmosa. Parei pra pensar se era legal postar ele... Mas que raios! Por que raios eu tenho que condenar algo por suas imperfeições (e tenho imperfeições como muito relativas, se não falsamente idealizadas) e não curtí-lo (no sentido literal, menos virtual) por suas qualidades e pelo o que ele representa, afinal é um texto muito simbólico dado o momento onde ele foi escrito! Ei-lo:

Coesão

A loucura da perfeição não é para os sóbrios.
A insanidade do sóbrio é o medo da morte.
A Morte é a parte mais sóbria da vida.
A Vida é uma loucura do ponto de vista conclusivo.
A Opinião é uma insanidade do vivo pro morto.
Do vivo pro morto: Somos loucos e sóbrios.
Sóbrios têm medo da vida, também.
Loucos tem medo dos sóbrios, também.
Já que a perfeição fugida os amedronta,
fugir é o que fazem os sóbrios loucos.
Loucos, os sóbrios não têm medo
da perfeição morta da vida insana.
A vida da morte insana é a falta de medo.
O medo não é para os loucos.
Os loucos são a vida insana.
Insana é a perfeição do sóbrio, ou para ele, A perfeição...
... E a Vida não passa de uma insanidade.
Nascer sóbrio...
Viver louco...
Vida insana...
Morte sóbria...
Entende?
(16/10/2006)

Eu gostaria de não ter perdido a coragem de escrever tão sinceramente como esse rapaz de 5 anos antes...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Algo sobre a tristeza

     Posso dizer que tenho ótimos amigos, frente a uma constatação no mínimo incômoda, a tristeza de um companheiro, nenhum deles sentiu pena, nenhum deles disse algo superficial para se livrar da tola obrigação (da qual discordo profundamente) de se pronunciar, e nenhum deles maldisse, blasfemou ou coisa do gênero. Alguns, contrários ao que se "receita" uma amizade, simplesmente silenciaram, ato que julgo ser muito mais respeitoso e, de uma forma poética, mais bela, condizente com o delicado charme que toda tristeza possui. E como a tristeza é charmosa! É uma companheira que não é ciumenta, pelo contrário, enaltece a todas que poderiam destituí-la de seu posto, veste muito mais belas as utopias, as mulheres, as viagens... Só se estraga quando teima que devemos nos vestir de sofrimento... Muitas coisas se convencionaram combinar com a tristeza, mas ela só está comigo, eu não sou ela... Eu visto o que eu quiser!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ironia Iminente

    Acabo de me dar conta de duas prováveis ironias iminentes: A nossa evolução (não que eu acredite muito nela) deve muito ao polegar opositor e é justamente nele que, daqui uns anos, uma geração inteira terá problemas por usar em demasia um aparelho de uma "sociedade evoluída", o celular. O dedão ficou tão importante que os outros dedos só servem para sustentar o palco onde ele "arrasa". A outra ironia é que, pouco antes do nosso estágio da evolução, éramos chamados de "Homo erectus" (veja bem, isso era antes do "Neandertal") e as pessoas, obviamente, não levam o celular à frente do rosto mas, levam o rosto ao celular e andam cada vez mais curvadas (pra frente, é claro, não imaginem vocês que eu estou considerando que a evolução continuou e que depois de ficarmos "de pé" daríamos um "salto mortal" para trás).  Quantas vezes eu reparei que no caminho, dentro de um mesmo vagão de trem, o grande número de pessoas que mexiam no celular, não que falavam, mas que apenas mexiam. Obviamente esse número poucas vezes foi superado pela contagem de leitores de papel (de qualquer espécie), eu mesmo contribuí na contagem dos dois lados, mais do lado que eu não queria... Sim é prático, blá blá blá, mas não é possível que só eu ache estranho os sintomas da versão moderna do "olhar o próprio umbigo", não por esse umbigo ser "móvel" e ser acariciado inúmeras vezes ao dia por um polegar (isso soou muito mal), mas pela potência do magnetismo que ele exerce no seu proprietário (entenda "proprietário" como quiser, o importante é que cada celular tem o seu!).

E que...

     Decidi escrever aqui coisas que me ocorrem ao longo do dia e que normalmente se encerrariam por aqui mesmo e que não me deixam dormir e que não tem ligação direta com o que eu estudo (música) e que ao mesmo tempo tem e que isso vai servir para me tirar dessa mania monotemática e que vou dar uma atenção para isso não acabar no quinto posto e que não vou me importar se acabar no sexto post e que vou retomar no sétimo post e que vou dizer que não sei quando não souber e que vou dizer quando souber e que provavelmente estarei errado e que estou percebendo que isso é um ostinato (termo musical que faz alusão a obstinação, como podem perceber) e que eu não saí de música coisa nenhuma e que talvez eu nunca saia e que talvez eu não deva encanar... Não encanar é o jeito mais próprio/bacana de terminar um ostinato no mais amplo sentido que você puder imaginar! Tá, comecei, me mandem calar quando convir!