terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Eu queria ser jogador de futebol, ter minha atuação discutida e lembrada por milhões de pessoas, ter grandes espaços e estruturas onde meu trabalho fosse exibido aos muitos interessados, ter eventos municipais, estaduais, nacionais e mundiais onde eu pudesse presenciar o desenvolvimento do trabalho dos demais colegas ao redor do mundo, ser premiado pelo governo pela minha atuação, ser considerado alguém importante para a sociedade pelo o que eu faço, ter um salário generoso e ser considerado digno de patrocínio, ter espaço na mídia ao menos duas vezes por semana para mostrar meu trabalho, receber por fazer o que gosto, ser celebrado por conta de uma conquista, ter países disputando para poder sediar um evento para o meu ofício, ter o interesse de quem desenvolve aparatos tecnológicos que tornam meu trabalho mais "justo" e preciso, poder vender lembranças relacionadas ao meu trabalho, não precisar estudar em um sistema de educação tão falho para poder exercer meu ofício, ser premiado por um político (ainda que corrupto, ué, aconteceu e eu queria que fosse comigo!) com carros, ter miniaturas minha e dos meus colegas em promoções de refrigerante, ter canais na TV a cabo dedicados ao meu trabalho, ser notícia, poder receber ajuda de um programa de TV para emagrecer caso eu engorde muito, ter médicos e fisioterapeutas no meu trabalho, poder ter meu público perdoado pelo resto da população caso ele se exalte numa possível atuação extraordinária minha, ter reservas caso eu me machuque, vender ingressos caros para que o público possa me assistir ao vivo, ser motivo de paralisações no trabalho e nas escolas para que ele possam apreciar minha atuação num evento mundial, poder representar meu país (e não deixar que outros o façam), poder me aposentar aos 30, ter certeza de que não há ninguém no meu país maior que 4 anos de idade que não saiba o que é aquilo que eu faço, ter alguém procurando pelo meu talento, ter jogos simulando o que eu faço, ter crianças fingindo ser eu brincando de fazer o que eu faço, ser chamado para trabalhar lá fora, ser disputado para não ser levado para fora, ter gente encarregada de fazer vastas estatísticas sobre o meu trabalho... Pelo menos aqui no Brasil eu queria...