terça-feira, 3 de abril de 2012

Deslumbramento e Preconceito (sim, boba alusão!)

É incrível como num meio universitário, lugar onde supostamente o conhecimento é gerado (segurem suas risadas, alguém pode estar por perto...), muitos dos discursos estão imbuídos de deslumbramento e preconceito (claro, muitas outras virtudes além dessas eu poderia enumerar, mas me ocorrem essas por ora). Nada é como estar enamorado de um ideal que lhe permita escolher/defender um posicionamento claro e bastante definido (obviamente pensado, sofrido, vivenciado e refletido por outra pessoa, mas isso não vem ao caso), no entanto, muitas vezes me flagrei (e a muitos outros) acomodado apenas apontando para os outros já que eu, estabelecido em meu ponto de vista, comodamente poderia sentir que os outros procuravam lugar para sentar enquanto eu já havia "sentado". Mas eu, inocentemente, demorei um pouco para desconfiar do porquê de eu já estar "sentado" e assim que essa desconfiança surgiu, muitas outras: "No quê eu estou sentado?", "Existirão 'assentos' melhores?", "haverá algo de errado com este 'assento'?" (os usuários do metrô me entenderão perfeitamente)... Esse anseio por "sentar-se" logo e para então poder preocupar-se com "outra coisa" me soa... Fácil, ou melhor, facilitador. Mas eu falava do "vagão" e não dos "assentos"... Recentemente comecei a sentir dificuldade em delimitar quais foram as causas do meu preconceito (que só por sê-lo, para mim não é mais nem menos que o dos outros, simplesmente é). Logo vi que era uma digressão um tanto pretensiosa, mas ainda assim... Lembrei de tantos episódios entalhados na minha memória onde me vi julgado sob diversos pretextos absurdos mas que até hoje, mesmo que espasmodicamente, me assediam o trato. Muitas dessas cenas envolvem professores... Mas eu falava dos "vagões", que nada mais são do que grandes espaços que de dentro aparentam ser pequenos e não são nada muito além disso. Por algum motivo estranho, dentro do vagão, muitos tentam ensandecidamente sentar-se em algum banco e isso torna a convivência lá dentro muito mais conturbada... Acho que devo me calar, alguém pode estar por perto...

Um comentário:

  1. O problema não está exatamente no ato de sentar em si, até porque isso é inevitável. A própria escolha de não sentar já é por si só um sentar (o sentar no não-sentar?). Contanto que se escolha o assento com cuidado, e se esteja disposto a aplicar todo o esforço e tempo necessários na escolha do assento, é provável que não haja muitos problemas em se sentar. Às vezes será necessário pegar as diferentes peças de vários assentos e juntá-las num assento novo. Mas aí o negócio fica complicado, porque se o objetivo era se sentar para então poder se preocupar com "outra coisa", é inevitável a conclusão de que essa alternativa (a de se sentar) não é a mais eficiente para alcançar esse objetivo. Se é assim, por que, então, sentar? Em certos casos (eu até diria que em quase todos os casos), a melhor coisa a se fazer é sentar no não-sentar...

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